sábado, 23 de junho de 2012

Soneto de persistência

No meio das pedras havia um caminho
coitado de quem não ousasse passar
tinham flores, paus, rosas, espinhos
amores, dores, e pássaros, lá

No meio do caminho também tinha saudade
que às vezes doía uma dor de matar
mas, mesmo assim, com arbitrariedade
optei ir ali... não parei de andar

E assim eu seguia,o caminho tortuoso
olhando pra tudo, colhendo um pouco
em tudo que vi, fui muito atencioso


Do que aprendi, quero aqui expressar
amores, tristezas e saudades passaram
o importante é que nunca pensei em parar

sábado, 16 de junho de 2012

Espero por ti amanhã


Abriu os olhos e ao ver o relógio deu um salto que tentou repetir depois... mas sem sucesso. Fracassou: perdeu uma chance extraordinária. Não era todo dia que ela podia vê-lo. Como se as horas corressem, entrou debaixo do chuveiro e fez tudo que levava horas, em fração de minutos, senão segundos. Naquele dia as companhias de ônibus faziam protestos em busca de melhores salários, e não seria fácil chegar lá à pé. Tentou um táxi, mas, para seu azar, todos estavam lotados. Já passava do meio dia, e talvez o seu amor não mais estivesse esperando. Seguiu, então, rumo ao trabalho. Seria tamanha decepção não encontrar quem tanto desejava, por causa de míseros minutos. Olhou o celular, e viu que não havia ligações, nem mensagens. De fato, ele não a esperou.
O dia foi uma mesmice sem tamanho, e já estava doida para voltar ao seu lar amável, com cheiro de gatos, e plantas. Assim que seu plantão chegou ao fim, tirou o jaleco, assinou o ponto, deu boa noite ao vigia e correu pelas ruas, como uma menina de doze anos brincando na chuva. Fazia um frio de aproximadamente 8ºC e não seria nada mau uma xícara de leite quente. Enrolou-se numa manta de lã, deitou no sofá, e não pensou em nada, esquecendo-se de tudo. Estava tão exausta do dia que adormeceu ali mesmo, deixando a tv ligada, enquanto a moça do tempo anunciava mais chuva para as próximas horas. Acordou com um barulho, que não um comercial. Era um SMS. Leu a mensagem, sorriu aos poucos, deu de ombros e voltou a dormir.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Por mais que eu tenha um milhão de amigos...

     O meu despertador de hoje foi diferente de todos! Foi uma música alegre, com um sentido triste: " Eu quero ter um milhão de amigo...''  Isso mesmo, triste. Anunciava uma nota de falecimento, e era do meu melhor amigo. Por mais que eu estivesse me preparando para não tomar um susto quando isso acontecesse, foi impossível não correr uma lágrima quando ouvi.      Outro dia eu estava pedindo a Deus para que amenizasse as dores dele da maneira que achasse melhor, e surgiu na minha cabeça essa mesma música, só que numa parte diferente: ''Se ele chorar quero estar por perto''. Agora, enquanto eu escrevo e me faço em lágrimas, tenho certeza que ele está por perto. Essa dor é só saudade. Perdi meu amigo para Cristo, e tenho certeza que isso é ganhar.

sábado, 2 de junho de 2012

Fragmentos Literários

Surge, claro sol, e mata a lua cheia de inveja, já doente e pálida de desgosto, vendo que tu, sua serva, és bem mais bela do que ela! Não a sirvas porque é invejosa! Seu traje de vestal é doentio e verde, e somente os bufões o usam. Rejeita-o! É minha dama! Ela é o meu amor! Oh! Se ela o soubera! Fala, entretanto, nada diz; mas que importa? Falam seus olhos; vou responder-lhes!... Sou muito atrevido. Não está falando comigo. Ditas das mais resplandecentes estrelas de todo o céu, tendo alguma ocupação, suplicaram aos olhos dela que brilhassem em suas esferas até que elas retornassem. Que aconteceria se os olhos dela estivessem no firmamento e as estrelas em sua cabeça? O fulgor de sua face envergonharia aquelas estrelas, como a luz do dia a de uma lâmpada! Seus olhos lançariam de abóbada celeste raios tão claros através da região etérea que cantariam as aves acreditando ter chegado a aurora!... Olha como apóia o rosto na mão! Oh! Quisera eu ser uma luva sobre aquela mão para que pudesse tocar naquele rosto!
 Está falando! Oh! Fala ainda, anjo luminoso! Porque esta noite apareces tão resplandecente sobre minha cabeça como um alado mensageiro do céu, diante dos olhos enlevados e maravilhados dos mortais que se inclinam para trás para contemplá-lo, quando ele galga as nuvens preguiçosas e navega no seio do ar.
 


                                                                                                                Romeu e Julieta - ATO II