Abriu os olhos e ao
ver o relógio deu um salto que tentou repetir depois... mas sem sucesso.
Fracassou: perdeu uma chance extraordinária. Não era todo dia que ela podia
vê-lo. Como se as horas corressem, entrou debaixo do chuveiro e fez tudo que
levava horas, em fração de minutos, senão segundos. Naquele dia as companhias
de ônibus faziam protestos em busca de melhores salários, e não seria fácil
chegar lá à pé. Tentou um táxi, mas, para seu azar, todos estavam lotados. Já
passava do meio dia, e talvez o seu amor não mais estivesse esperando. Seguiu,
então, rumo ao trabalho. Seria tamanha decepção não encontrar quem tanto
desejava, por causa de míseros minutos. Olhou o celular, e viu que não havia
ligações, nem mensagens. De fato, ele não a esperou.
O dia foi uma mesmice sem tamanho, e
já estava doida para voltar ao seu lar amável, com cheiro de gatos, e plantas.
Assim que seu plantão chegou ao fim, tirou o jaleco, assinou o ponto, deu boa
noite ao vigia e correu pelas ruas, como uma menina de doze anos brincando na
chuva. Fazia um frio de aproximadamente 8ºC e não seria nada mau uma xícara de
leite quente. Enrolou-se numa manta de lã, deitou no sofá, e não pensou em
nada, esquecendo-se de tudo. Estava tão exausta do dia que adormeceu ali mesmo,
deixando a tv ligada, enquanto a moça do tempo anunciava mais chuva para as
próximas horas. Acordou com um barulho, que não um comercial. Era um SMS. Leu a
mensagem, sorriu aos poucos, deu de ombros e voltou a dormir.
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