segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Olha só o que eu achei


Ele levantou pra olhar o relógio, e viu que ja passava das 15 horas. Foi ao banheiro, olhou-se no espelho, mas não se assustou com a barba mal feita, como antes. Resolveu afeitarse. Após longo banho, vestiu uma roupa e saiu caminho à praia.
 Ja tinha esquecido tanta coisa ruim nos ultimos dois meses. Agora só queria sossego, descanso... Não era sem tempo ouvir músicas que a trouxessem à cabeça. Questões de amor não podem ser relatadas tão brevemente. Deparou-se, numa dessas, com a música dos dois. Já tinha ouvido tantas vezes, mas agora parecia ser a primeira vez; a ultima nunca se sabe quando é. Apenas chega e acontece.
Tava um vento tão forte, quando subiu a rua lateral, que o cheiro da maresia chegava antes de ver o mar. Aquele barulhão das ondas, que à noite causa espanto a pescador antigo, é mais quem um calmante natural. Ensurdece e faz esquecer. Continuou caminhando. Havia um monte de areia que, possivelmente, fora um desses castelos. Já estava ao chão, mesmo. E não era coincidência demais. Talvez fosse.
Quando se deu conta, já tinha subido numa dessas pedras de contenção de ondas, e estava prestes a sentar. Por que não? Fazia sombra no local, e o vento continuava forte. De logo, lembrou mais coisas sobre aquela ingrata, e caíram as lágrimas. A garganta já nem doía mais, daquele nó que sufocava e espetava tudo goela abaixo. Só as lágrimas escorriam e o gosto de sal na boca, que , com o tempo, o mesmo vento secava.
Era o fim, relamente. Mas sempre que tentava esquecer, acabava lembrando. Já tinha pensado em telefonar pra ela, mas lembrou-se da ultima conversa, quase monólogo:

 -Oi, tudo bem?
 -Sim.
 -Sinto saudades suas todos os dias. Só queria saber se estava bem, se não precisava de algo.
 - Estou
 - É! Era isso. Qualquer coisa...

Antes de terminar de dizer algo mais, viu que ela tinha desligado. Quis acreditar que a ligação caiu. Assim como tantas vezes, acreditou no contraditório para não perceber o óbvio. Era melhor desse jeito.

Deixou a cabeça pender um pouco para o lado, e ... Já tinha tido a sensação daquele lugar. Que nostalgia: já estiveram alí, antes, olhando o horizonte. Só sabia que não seria fácil sem ela. Estava a ponto de se entregar, mas isso era bobagem. Precisava seguir, cuidar da casa, da roupa, dos planos. Precisava cuidar de viver. Ser feliz, ao menos.
Onde será que estava a essa hora? Estava alí com ele, guardada na mente, no coração. Fisicamente não, mas onde?! Lembrou dos planos da casa nova, da viagem de férias em serembro. Iam até visitar a família que não viam há algum tempo. Mas, só planos. O tempo errou a história dos dois, e eles não estavam mais juntos. Embora tivessem feito tudo certo. Só queria ficar bem. Nada mais.

O sol estava começando a se por quando levantou-se para ir embora. E daqueles lagos feitos na beira da praia, viu um casal de cavalos-marinhos passeando de um lado à outro. Como esquecer, se lembrava dela em cada detalhe?
Chegou em casa mais aliviado, já não chorava. A barba? Tinha se livrado dela mais cedo. Estava descansado, só precisava seguir. Depois de as ondas terem o acertado, o vento estava levando tudo de ruim embora. Era isso. Ele estava só, mas em boa companhia. Não por falta de alguém para amar. Só por falta dela, nada mais

"Dos nossos planos é que tenho mais saudade" 

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