quinta-feira, 22 de março de 2012

"A ocasião faz o ladrão"

Tenho um sono muito leve, e numa noite dessas notei que tinha alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei-me em silêncio e fui acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta que passou pela janela do quarto. Como a minha casa até é muito segura, com alarme, grades nas janelas e nas portas, não fiquei preocupado, mas claro que eu não ia deixar um ladrão andar ali, tranquilamente. Telefonei para a polícia, para informar sobre a ocorrência... Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não. Então me disseram que não tinham nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém logo que fosse possível...
Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:
- Eu liguei há pouco porque alguém estava no meu quintal. É para informar que já não é preciso muita pressa, porque eu já matei o ladrão com um tiro de uma pistola calibre 9 mm, que tinha guardada há anos para estas situações. O tiro fez um belo buraco no pobre diabo!
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um carro do IML, uma unidade de resgate, duas equipes da TV,  e um representante de uma entidade de direitos humanos.
Acabaram por prender o ladrão em flagrante, que ficou boquiaberto ao olhar tudo o que se passava. Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do General do Exército.
No meio do tumulto, o policial encarregado desta operação, aproximou-se de mim e disse:
-Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão!!!
Eu respondi:
- Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura disponível.
 

                                                                                                                                             L. F. Veríssimo

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